Dia do professor
Fonte: Correio de Uberlâncdia
Século XXI, outro 15 de outubro, e nós professores não temos muito que festejar. Agressões; indisciplina, violência dentro e fora da escola; salários aviltantes; tripla jornada de trabalho; burocracia institucional, formação aligeirada; enfim, mazelas que nos transformaram em sobreviventes e nosso trabalho de alto risco.
Professores, alunos e seus familiares estão perdidos num emaranhado de múltiplas relações sociais em que a identidade e o papel social do homem e da mulher estão indefinidos. As pessoas querem ser reconhecidas a qualquer preço, seja pela aceitação ou negação dos valores dominantes. A organicidade escolar dividida e hierarquizada induz alunos e professores, inconscientemente, ao caminho da intolerância, da competição, da luta pela sobrevivência do melhor e mais forte. O estímulo e a orientação dos jovens para convivência social pacífica, o crescimento moral, a aceitação das diferenças, a aprendizagem significativa e a preparação para a cidadania múltipla são secundarizados.
E nossos governantes, onde estão nesse quadro abominável? Continuam, nos discursos e nas projeções futuras, enaltecendo a educação e os professores. O que mais se ouve é que o professor é um profissional fundamental para o desenvolvimento de uma nação; o Brasil somente será uma grande nação no dia em que não existir mais nenhum analfabeto e muitas outras apologias ao professor e à educação. Entretanto, os espinhos do acesso, da permanência, da repetência e da evasão continuam engasgados na garganta da escola.
Nesse contexto, os professores na maioria dos estados brasileiros, independentemente do nível de formação, continuam recebendo míseros salários e péssimas condições de trabalho. Quando reclamam, são agredidos e violentados pelos governantes e policiais que, um dia, ajudaram a alfabetizar e formar. A mesma mão que o professor ensinou a segurar o lápis o segura e o espanca.
Diante disso, resta ao docente formador do humano se dedicar à verdade. Nada além dela. Porém, a verdade não é uma realidade. Ao contrário, é a medida, é o valor, é o ideal que cada ser humano almeja. Sendo assim, é fácil entender por que nossos governantes, mesmo vestindo a camisa da educação, mentem descaradamente. Eles precisam destruir a cultura e, com isso, destruir a verdade, pois destruir a verdade é o mesmo que subtrair do homem sua dignidade. Um homem sem cultura é um homem sem linguagem e pensamento, porque ele – o pensamento – existe graça à expressão da palavra ensinada na escola.
Que esse dia sirva, pelo menos, para nos fazer refletir sobre o tão propalado processo democrático brasileiro. Um processo que desconsidera todo valor ético e moral das relações humanas; que “veste a roupa” da educação, da saúde, da justiça e liberdade para dançar no palco da hipocrisia, dando aos expectadores a sensação de que a história é assim, sempre foi assim e não pode ser diferente.
Apolônio A. do Carmo
Professor inativo UFU – Apolonio@ufu.br
Professores, alunos e seus familiares estão perdidos num emaranhado de múltiplas relações sociais em que a identidade e o papel social do homem e da mulher estão indefinidos. As pessoas querem ser reconhecidas a qualquer preço, seja pela aceitação ou negação dos valores dominantes. A organicidade escolar dividida e hierarquizada induz alunos e professores, inconscientemente, ao caminho da intolerância, da competição, da luta pela sobrevivência do melhor e mais forte. O estímulo e a orientação dos jovens para convivência social pacífica, o crescimento moral, a aceitação das diferenças, a aprendizagem significativa e a preparação para a cidadania múltipla são secundarizados.
E nossos governantes, onde estão nesse quadro abominável? Continuam, nos discursos e nas projeções futuras, enaltecendo a educação e os professores. O que mais se ouve é que o professor é um profissional fundamental para o desenvolvimento de uma nação; o Brasil somente será uma grande nação no dia em que não existir mais nenhum analfabeto e muitas outras apologias ao professor e à educação. Entretanto, os espinhos do acesso, da permanência, da repetência e da evasão continuam engasgados na garganta da escola.
Nesse contexto, os professores na maioria dos estados brasileiros, independentemente do nível de formação, continuam recebendo míseros salários e péssimas condições de trabalho. Quando reclamam, são agredidos e violentados pelos governantes e policiais que, um dia, ajudaram a alfabetizar e formar. A mesma mão que o professor ensinou a segurar o lápis o segura e o espanca.
Diante disso, resta ao docente formador do humano se dedicar à verdade. Nada além dela. Porém, a verdade não é uma realidade. Ao contrário, é a medida, é o valor, é o ideal que cada ser humano almeja. Sendo assim, é fácil entender por que nossos governantes, mesmo vestindo a camisa da educação, mentem descaradamente. Eles precisam destruir a cultura e, com isso, destruir a verdade, pois destruir a verdade é o mesmo que subtrair do homem sua dignidade. Um homem sem cultura é um homem sem linguagem e pensamento, porque ele – o pensamento – existe graça à expressão da palavra ensinada na escola.
Que esse dia sirva, pelo menos, para nos fazer refletir sobre o tão propalado processo democrático brasileiro. Um processo que desconsidera todo valor ético e moral das relações humanas; que “veste a roupa” da educação, da saúde, da justiça e liberdade para dançar no palco da hipocrisia, dando aos expectadores a sensação de que a história é assim, sempre foi assim e não pode ser diferente.
Apolônio A. do Carmo
Professor inativo UFU – Apolonio@ufu.br
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