Quando será que os professores de Jundiaí terão o apoio da imprensa assim como os professores de Sorocaba?
| EDITORIAL
Justa reivindicação
É destes professores que as crianças recebem o instrumental básico de comunicação e raciocínio, indispensável a todo o aprendizado posterior
Notícia
publicada na edição de 15/10/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página
003 do caderno A - o conteúdo da edição impressa na internet é
atualizado diariamente após as 12h.
A mobilização dos cerca de 1,5 mil professores de educação básica de 1ª a 5ª séries da rede municipal de Sorocaba (PEB 1) para ter seus vencimentos equiparados aos de 6ª a 9ª séries (PEB 2) enfrenta uma dificuldade até um tanto elementar, que é o número de integrantes desse segmento.
Em termos ideais, isso não deveria ser pretexto para que o poder público pagasse menos do que um profissional tem direito por força de lei ou do que seria compatível com suas funções e responsabilidades. Na prática, porém, é o que acontece.
Categorias numerosas, como professores, policiais e carteiros, representam grossas fatias do orçamento, mesmo que seus integrantes recebam salários insatisfatórios. Isso acarreta distorções, pois a questão da justiça salarial - e mesmo da eficiência de um serviço ou setor - acaba subordinada à capacidade de absorção do orçamento e a uma instância de decisão política, em que as resistências a um gasto maior não são pequenas.
É por isso que os governantes, muitas vezes, preferem responder aos pedidos de aumento real com abonos e gratificações de caráter temporário, que, embora ofereçam alívio passageiro, não são incorporadas aos vencimentos nem configuram benefícios concretos para o trabalhador.
É por isso, também, que os salários das categorias numerosas raramente dão grandes saltos, como aquele obtido recentemente pela Guarda Civil Municipal (GCM) de Sorocaba, uma categoria pequena - eram cerca de 370 membros em maio último - porém bem organizada e que dispõe, inclusive, de representante no Legislativo. De uma só vez, os GCMs conseguiram um aumento escalonado (a ser implementado até o final deste ano) de 41,2%, além dos 8% concedidos a todo o funcionalismo em janeiro.
Bem mais numerosos que os GCMs - e não menos importantes que eles -, os professores 1 pediram 51,83% para equipará-los com os 150 professores 2 da rede municipal. Receberam uma proposta de 13% a partir de março de 2012, mais 3% a cada ano até 2015.
"É algo que pesa pelo valor e pela quantidade de pessoas envolvidas", justificou a secretária municipal de Gestão de Pessoas, Silvana Chinelatto, lembrando que a diferença entre os professores 1 e 2 é "histórica" e já foi maior em Sorocaba ("Professores PEB 1 - Prefeitura propõe aumento de 13%").
Com o reajuste proposto pela Prefeitura, conforme os cálculos da secretária, a diferença entre PEB 1 e 2, que é de 51,83%, cairá para 16,29% em 2015.
Independentemente da resposta dos professores, é importante registrar que a reivindicação é justa.
Tradicionalmente menos valorizados - até porque, durante muito tempo, a formação escolar deles exigida era menor que a dos docentes de séries mais avançadas -, os professores de educação básica 1 são essenciais para o bom êxito do processo de educação, desde o dia em que a criança pisa na escola até o início da vida adulta.
Afinal, é destes professores que as crianças recebem o instrumental básico de comunicação e raciocínio, indispensável a todo o aprendizado posterior. E, igualmente importante, são esses docentes que tornam a escola, os estudos e os livros atraentes (ou não) para as crianças, com repercussões que se estendem por toda a vida.
Sociedades cultas e evoluídas se preocupam particularmente com a formação e a valorização dos professores das séries iniciais. Por uma questão de justiça e de coerência, não deve ser outro o caminho da "cidade educadora".
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