Brasília - Apenas quatro estados e o Distrito Federal cumprem
integralmente a Lei do Piso Nacional do Magistério (Lei 11.738/2008),
informou a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
Desde que foi sancionada, a lei é motivo de embate entre professores,
governos estaduais e prefeituras. Prefeitos e governadores argumentam
não ser possível pagar o valor proposto com os repasses atuais para a
educação. O valor piso salarial nacional do magistério da educação
básica em 2011 é de R$ 1.567.
O Supremo Tribunal Federal (STF) ,27/02, definiu que, embora tenha sido editada em 2008, a lei tem validade a partir de abril de 2011,
data quando a Corte confirmou sua legalidade. Os ministros atenderam a
recursos do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Ceará e Mato Grosso
do Sul, que alegaram dificuldades para adaptar as finanças às novas
regras. A decisão resolve dúvidas sobre a formação de passivo que
poderia ser cobrado pelos professores pelos salários inferiores ao piso
antes de 2011.
De acordo com o presidente da CNTE, Roberto Leão, a decisão do STF não
deixa mais nenhuma brecha para o descumprimento da lei. Estados e
municípios que, desde abril de 2011, não estavam pagando o piso, poderão
ser acionados na Justiça para o pagamento retroativo de 2011 até o
presente momento.
A categoria pretende se mobilizar para o cumprimento da lei com
passeatas, e se necessário, greves. "Só queremos o cumprimento da lei,
parece algo tão óbvio de se pedir", disse Leão. Além do valor do
salário, a lei trata também sobre as condições de trabalho, estipulando,
por exemplo, jornada de no máximo dois terços da carga horária para o
desempenho das atividades de interação com os alunos. Segundo a
confederação, as únicas unidades federativas que cumprem a lei na
totalidade são: Acre, Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso e Rondônia
. Mais dez estados cumprem parcialmente e oito descumprem a lei. O
restante está em negociação com os sindicatos.
O Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) disse, em nota,
que desde a aprovação da Lei 11.738/2008, os estados vêm ajustando os
padrões de remuneração do magistério e acolhem "sem surpresa ou impacto"
a decisão de hoje do STF. Na nota, o conselho diz que "todos [estados]
já pagavam, em abril de 2011, o valor do piso aos seus professores com
formação de nível médio na modalidade normal". Com relação à jornada de
trabalho dos docentes, o conselho informou que "em breve" os estados
também terão adotado o limite imposto pela lei - dois terços para
interação com os estudantes e um terço para atividades.
Em relação aos municípios, não há um levantamento que indique quantos
estão em conformidade com a lei. Para a presidenta da União Nacional dos
Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho, é
"importante que todos os municípios garantam o piso para atrair novos
profissionais e valorizar os que estão nas escolas". No entanto, "boa
parte" deles não consegue pagar os salários. "Precisamos da aprovação do
Plano Nacional de Educação (PNE) e dos recursos dos royalties e do pré-sal para conseguir cumprir as metas de universalização da educação do próprio plano".
Fonte: Mariana Tokarnia - Agência Brasil
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