Educação básica
Em São Paulo, ministro da Educação diz que proposta está em discussão com secretarias estaduais
Aloizio Mercadante, ministro da Educação, promete plano para o ensino médio
(Valter Campanato/ABr)
De acordo com Mercadante, a ideia é que o novo currículo seja guiado pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "Os alunos hoje sonham com o Enem, que cobra quatro grandes áreas (matemática, língua portuguesa, ciências humanas e da natureza). Temos que reforçá-las", disse o ministro, que nesta tarde participou de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo.
A reformulação deverá ocorrer nos moldes do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, que estabelece que toda criança deve saber ler e escrever até os 8 anos de idade, uma colaboração entre o MEC e as secretarias estaduais. "O ensino medio é responsablidade dos estados. Depende deles que as mudanças propostas sejam aceitas."
Uma das mudanças a serem propostas, segundo Mecadante, é a flexibilização dos currículos. Cada estudante teria autonomia para escolher disciplinas para sua grade nos três anos de ensino médio. Isso possibilitaria, por exemplo, aumentar a ênfase do curso em áreas como humanas, exatas e biológicas. O ministro voltou a falar também sobre a distribuição de tablets aos professores, sem, no entanto, detalhar o plano de capacitação dos docentes.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) mostra que o ensino médio vai muito mal no Brasil. Em uma escala de 0 a 10, a média dos alunos do ciclo em 2011 foi de 3,7 — apenas 0,1 ponto acima da medição de 2009. Em nove estados houve regressão.
Na última semana, a ONG Todos Pela Educação divulgou outro dado preocupante. Segundo levantamento realizado pela instituição, apenas 10,7% dos estudantes do 3º ano do ensino médio dominavam os conhecimentos esperados em matemática em 2011. E pior: o número é inferior ao da medição anterior, realizada em 2009.
Cotas — Mercadante aproveitou a visita para criticar o projeto de cotas em estudo pelas universidades públicas paulistas, batizado Programa de Inclusão por Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp), que pretende reservar 50% das vagas a estudantes do ensino médio público de São Paulo. A partir da nota do Enem ou do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), alunos da rede seriam admitidos em um "college", um curso de dois anos de preparação: uma vez aprovados, teriam acesso às universidades.
Para Mercadante, o sistema segrega os estudantes e prolonga em dois anos a sua formação no ensino superior. "Esse curso de dois anos não promove a inclusão e deixa os estudantes apartados dos demais. Além disso, um curso superior que inicilamente seria de quatro anos passa a durar seis", disse. Especialistas, no entanto, discordam. "É uma inovação. Esse plano não abaixa a cerca. Ensina o aluno a pular mais alto", afirma Cláudio de Moura Castro, especialista em educação e colunista de VEJA.
Fonte:Lecticia Maggi
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