Todos os dias a professora Edilaine acorda cedo, se alimenta, pega o material da aula que preparou na noite anterior e vai para o trabalho.
Uma cena bem comum, se ela não fosse para um hospital. É isso mesmo! A escola em que Edilaine e a colega Lucimeire trabalham, funciona dentro do Hospital do Câncer Infantil de Sorocaba (Gpaci).
Uma cena bem comum, se ela não fosse para um hospital. É isso mesmo! A escola em que Edilaine e a colega Lucimeire trabalham, funciona dentro do Hospital do Câncer Infantil de Sorocaba (Gpaci).
Por
meio do projeto "Classe Hospitalar", implantado no início deste ano
pela Secretaria municipal da Educação (Sedu), as professoras atendem
cerca de 90 crianças e adolescentes de Sorocaba e região. Além de
ensinar, de se emocionar com cada avanço dos alunos, as especialistas em
educação inclusiva, levam uma nova lição, a cada final de tarde que
retornam para casa.
Nesta
sexta-feira (15), a secretária da Educação, Dulcina Guimarães Rolim foi
conferir de perto o trabalho desenvolvido pelas professoras da rede
municipal de ensino. "A educação é um direito de todos. É importante que
essas crianças não tenham de interromper o aprendizado enquanto passam
por esse momento delicado", afirma a secretária.
Edilaine
Dias Rehder e Lucimeire Tomé executam o projeto desde o dia 1° de
fevereiro, beneficiando crianças e adolescentes de 3 a 18 anos
(internadas ou em tratamento temporário) no Gpaci. A proposta de
educação pedagógica tem como objetivo a continuidade da escolarização
para crianças em idade escolar que, por conta da enfermidade, necessitam
se afastar da escola, gerando atrasos no aprendizado e, às vezes, até o
abandono.
Míriam
Rosa Torres de Camargo, do Centro de Referência em Educação (CRE),
responsável pela Sala de Recurso Multifuncional e da Classe Hospitalar,
revela que o primeiro passo foi a parceria com o hospital, conversar com
os pais, que prontamente aceitaram a ideia. Foram coletados os dados
relacionados ao histórico escolar de cada aluno, para que o trabalho
resultasse na qualidade que se espera. Parte dos alunos é de Sorocaba,
mas a maioria vem de cidades vizinhas.
Este
é o caso de Tatiane Joice de Oliveira, de 17 anos, de São Miguel
Arcanjo. Estudante do 3° ano do Ensino Médio de uma escola rural, por
conta do tratamento da leucemia, que a obriga a vir praticamente todos
os dias a Sorocaba, perdeu o ano escolar de 2012. "Estou feliz que tenha
esse atendimento aqui, é muito bom. Se não tivesse, iria perder mais um
ano e isso me prejudicaria muito", conta a jovem abrindo um largo
sorriso.
Aluno
da EE "Sarah Salvestro", do bairro Vitória Regia, Sorocaba, Elizeu de 9
anos, não vai deixar de aprender por conta do tratamento que tem de
fazer no Gpaci. Situação bem diferente da vivida por Laís, também de 9
anos, que vem de Ibiúna. Ela nunca pode frequentar a escola e a
atividade que mais lhe agrada é brincar no computador. "Estamos
trabalhando na alfabetização dela. É demorado, gradativo, mas já está
respondendo bem ao alfabeto móvel", conta a professora Edilaine, sem
esconder as lágrimas de tamanha emoção.
Apoiada
na cama, com a mão direita envolta pelos fios de um dos aparelhos do
tratamento, a pequena Lavínia, de 3 anos, ainda encontra forças para
receber a professora Edilaine com um sorriso. "Ela não frequentou creche
e nem pré-escola, mas estudar era o seu sonho. E leva tão a sério, que
exigiu que comprasse caderno, livros, lápis de cor e uma mochila",
revela Karen Luana Costa, que vem de Angatuba acompanhar a filha.
O
interesse, a dedicação com que as crianças encaram as tarefas escolares
chegam a impressionar as professoras. Algumas, como Lavínia, são
destras, mas por conta do tratamento devem ficar com a mão direita
imobilizada durante esse procedimento. "Chega a emocionar vê-las se
esforçando para fazer as tarefas, recortar papel, com a mão esquerda",
conta Lucimeire.
A
Classe Hospitalar é vinculada à EM "Getúlio Vargas" e as professoras
recebem capacitação contínua do CRE, da Prefeitura de Sorocaba. Uma vez
por semana, esse trabalho é reforçado por cinco professores
especialistas, que integram o grupo de apoio do CRE. As tarefas são
propostas pelos professores do ensino regular da escola em que cada
aluno está matriculado, focando o conteúdo correspondente ao ano/série.
Em
todos os atendimentos, os professores além de auxilar o aluno
individualmente, utilizam recursos que tornam o processo de
aprendizagem, bem mais interessante e divertido, como: internet, jogos e
materiais pedagógicos variados, alfabeto móvel, entre outros. O que
aprendem no projeto é válido para o currículo escolar do aluno e se
houver necessidade, as tarefas são adaptadas às necessidades e condições
de cada um.
Além
de motivar a criança, as atividades pedagógicas acabam contribuindo
para melhor resposta ao tratamento a que está sendo submetida. As
atividades, as tarefas aplicadas pelos professores, ocupam a atenção das
crianças enquanto recebem o atendimento. Um diferencial, que estimula
ainda mais o aluno é que, o atendimento escolar acontece com a criança
tem sempre um membro da família ao lado.
As
mudanças no comportamento das crianças, na evolução ao tratamento, são
apontadas pelos professores e também pelos próprios pais. Crianças que
antes relutavam em ir ao hospital, agora pedem aos pais que as levem.
Mesmo os pequenos pacientes, que ainda não têm idade para o projeto,
chegam a pedir aos professores, que também querem estudar.
Conforme
adiantou a secretária Dulcina Guimarães Rolim, em função do sucesso do
projeto desenvolvido no Gpaci, está em estudos a ampliação para abranger
outros hospitais públicos de Sorocaba. "Já temos um atendimento
diferenciado feito em 22 escolas municipais, por meio das Salas de
Recursos Multifuncionais, que ajudam muito na inclusão de alunos. Esse é
o trabalho que queremos do Centro de Referência em Educação", conclui.
Na
visita, Dulcina foi acompanhada pelo presidente do Gpaci, Carlos
Camargo Costa, além da assessora da Sedu, Sula Medeiros e educadores
especialistas do CRE, Cesar Zago e Luis Fabio Santos.
Fonte:Sorocaba Fácil
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