Assim como a BNCC da Educação Infantil, a BNCC Ensino Fundamental − Anos Iniciais e Finais deve ser implementada nas escolas de todo o Brasil até o ano de 2020. Mas a partir de 2019, as mudanças já começam a aparecer nos materiais didáticos, nos Projetos Políticos Pedagógicos das instituições e na rotina escolar como um todo.
Por isso é fundamental compreender como a Base se faz presente no dia a dia das escolas e em cada segmento da educação básica. Neste post, vamos te explicar a abordagem pedagógica e os principais destaques da BNCC Ensino Fundamental − Anos Iniciais (1º ao 5º ano).
Qual a abordagem pedagógica da BNCC Ensino Fundamental – Anos Iniciais?
Diferente da Educação Infantil, a proposta da BNCC Ensino Fundamental − Anos Iniciais é a progressão das múltiplas aprendizagens, articulando o trabalho com as experiências anteriores e valorizando as situações lúdicas de aprendizagem.
Segundo o documento da BNCC:
Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos.
(BNCC)
Portanto, ao compreender as mudanças no processo de desenvolvimento da criança − como a maior autonomia nos movimentos e a afirmação de sua identidade − a BNCC Ensino Fundamental − Anos Iniciais propõe o estímulo ao pensamento lógico, criativo e crítico, bem como sua capacidade de perguntar, argumentar, interagir e ampliar sua compreensão do mundo. Ou seja:
Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, a progressão do conhecimento ocorre pela consolidação das aprendizagens anteriores e pela ampliação das práticas de linguagem e da experiência estética e intercultural das crianças, considerando tanto seus interesses e suas expectativas quanto o que ainda precisam aprender.
(BNCC)
Além disso, essa proposta pedagógica deve assegurar, ainda, um percurso contínuo de aprendizagens e uma maior integração entre as duas etapas do Ensino Fundamental.
Agora que você já entendeu um pouco mais sobre a proposta da BNCC Ensino Fundamental − Anos Iniciais, vamos ver seus destaques?
O que a BNCC Ensino Fundamental – Anos Iniciais traz de novidade?
A BNCC Ensino Fundamental – Anos Iniciais contempla a primeira etapa do segmento, bem como estudantes e professores do 1º ao 5º ano, enquanto os Anos Finais contemplam alunos e professores do 6º ao 9º ano.
Por fazerem parte de uma mesma Base, a BNCC da Educação Básica, a BNCC Ensino Fundamental – Anos Iniciais e Anos Finais possuem vários pontos em comum para garantir o percurso de aprendizagem contínuo, como a divisão por áreas do conhecimento, componentes curriculares e unidades temáticas.
A seguir destacamos alguns destes pontos para você. Vamos conferir?
● Áreas do Conhecimento
A organização estrutural da BNCC no Ensino Fundamental como um todo se dá por áreas do conhecimento, da mesma forma que acontece no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Tal organização busca favorecer a comunicação entre os conhecimentos e aprendizagens das inúmeras disciplinas, agora chamadas de componentes curriculares.
As áreas do conhecimento previstas pela BNCC são:
1) Linguagens;
2) Matemática;
3) Ciências da Natureza
4) Ciências Humanas.
Sendo que cada uma delas têm competências específicas de área – reflexo das dez competências gerais da BNCC – que devem ser promovidas ao longo de todo o Ensino Fundamental.
De acordo com a BNCC, “as competências específicas possibilitam a articulação horizontal entre as áreas, perpassando todos os componentes curriculares, e também a articulação vertical, ou seja, a progressão entre o Ensino Fundamental – Anos Iniciais e o Ensino Fundamental – Anos Finais e a continuidade das experiências dos alunos, considerando suas especificidades.”
Portanto, para além das competências, cada uma dessas áreas tem papel fundamental na formação integral dos alunos do Ensino Fundamental. Isso aparece nos textos de apresentação das áreas na BNCC. Além de mostrar tal papel, o documento dá destaque às particularidades do segmento, levando em consideração as especificidades e as demandas pedagógicas de cada etapa educacional.
● Componentes curriculares
O que antes entendíamos como disciplinas ou matérias, chamamos agora de componentes curriculares. Mas como assim? As disciplinas não deixaram de existir, o que mudou foi: a BNCC não chama mais Língua Portuguesa, por exemplo, de disciplina ou matéria. A Base a compreende como um componente curricular da área de conhecimento de Linguagens.
Você já sabe em qual área cada componente curricular está presente na BNCC Ensino Fundamental – Anos Iniciais e Anos Finais? Confira a lista que preparamos para você!
- Linguagens
Componentes curriculares: Língua Portuguesa, Arte, Educação Física, Língua Inglesa.
- Matemática
Componente curricular: Matemática.
- Ciências da Natureza
Componente curricular: Ciências.
- Ciências Humanas
Componentes curriculares: História e Geografia.
- Ensino Religioso
Componente curricular: Ensino Religioso.
Com o intuito de garantir o desenvolvimento das competências específicas de área, cada componente curricular possui – conforme indicado no texto da BNCC – um conjunto de habilidades que estão relacionadas aos objetos de conhecimento (conteúdos, conceitos e processos) e que se organizam em unidades temáticas.
● Alfabetização
Outro aspecto que muda com a BNCC Ensino Fundamental − Anos iniciais é a alfabetização. A partir da implementação da Base, toda criança deverá estar plenamente alfabetizada até o fim do 2º ano. Antes, esse prazo era até o terceiro ano – de acordo com o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC).
Portanto, nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, o foco da ação pedagógica deve ser a alfabetização. Isso é sistematizado pela BNCC nos tópicos abaixo, que mostram as competências e as habilidades envolvidas no processo de alfabetização, e que a criança deve desenvolver:
- Compreender diferenças entre escrita e outras formas gráficas (outros sistemas de representação);
- Dominar as convenções gráficas (letras maiúsculas e minúsculas, cursiva e script);
- Conhecer o alfabeto;
- Compreender a natureza alfabética do nosso sistema de escrita;
- Dominar as relações entre grafemas e fonemas;
- Saber decodificar palavras e textos escritos;
- Saber ler, reconhecendo globalmente as palavras;
- Ampliar a sacada do olhar para porções maiores de texto que meras palavras, desenvolvendo assim fluência e rapidez de leitura (fatiamento).
Então, se a alfabetização deve ser concluída ao final do 2º ano, o aluno já deve sair dessa etapa escrevendo tudo corretamente? Não! No final desse período ele deve desenvolver as competências e habilidades que te mostramos acima.
Ao longo dos próximos anos processo de alfabetização será complementado com foco na ortografia, que ampliará os conhecimentos e as habilidades linguísticas do estudante.
● Unidades Temáticas
Com a implementação da BNCC Ensino Fundamental – Anos Iniciais e Anos Finais, a forma com que os conteúdos serão trabalhados em sala de aula ganhou novo foco. A divisão agora é por unidades temáticas, que consiste na reunião de um conjunto de conteúdos de uma mesma temática em uma unidade.
Na BNCC, essas unidades aparecem em praticamente todos os componentes curriculares ao longo de todo o Ensino Fundamental. Por exemplo, a unidade temática “Matéria e Energia” de Ciências aparece do 1º ao 9º ano, o que muda são os objetos de conhecimento e as habilidades exigidas para cada etapa. Segundo a BNCC:
Respeitando as muitas possibilidades de organização do conhecimento escolar, as unidades temáticas definem um arranjo dos objetos de conhecimento ao longo do Ensino Fundamental adequado às especificidades dos diferentes componentes curriculares. Cada unidade temática contempla uma gama maior ou menor de objetos de conhecimento, assim como cada objeto de conhecimento se relaciona a um número variável de habilidades […]. As habilidades expressam as aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares.
(BNCC)
Portanto, a partir dessas unidades, o conteúdo trabalhado em um ano pode ser retomado e ampliado nos anos seguintes, permitindo que o professor trabalhe novas habilidades em sala de aula.
Entre os componentes curriculares presentes na BNCC, somente o componente Língua Portuguesa – da área de Linguagens – não está estruturado em unidades temáticas. Ou seja, ela se organiza em práticas de linguagem (leitura/escuta, produção de textos, oralidade e análise linguística/semiótica), campos de atuação, objetos de conhecimento e habilidades.
Conclusão
É imprescindível estar atento às transições entre as etapas da educação básica, para que o aluno tenha um percurso contínuo de aprendizagem que respeite as especificidades de sua faixa etária.
Dessa forma, quando não há rupturas nesta transição, uma vez que existe respeito às necessidades de cada estudante e à sua idade. No “passar de bastão” da Educação Infantil ao Ensino Fundamental − Anos Iniciais é fundamental dar atenção a ampliação das aprendizagens, ao aprofundamento das experiências e da alfabetização − que deve acontecer no 1º e 2º anos desta etapa.
Já na transição dos Anos Iniciais para os Anos Finais é importante preparar o aluno para as mudanças que estão por vir ou que já estão acontecendo durante o 5º e 6º ano, como a mudança do professor generalista para o professor especialista. Além disso, é preciso adaptar os currículos para evitar a ruptura nesse processo, garantido ao aluno − como afirma a própria BNCC − maiores condições de sucesso.
Fonte:Blog Educação e Transformação