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Coronavírus como trabalhar?


Como abordar coronavírus e outras epidemias com a turma?

Saiba como explorar as fake news, transmissão de microrganismos e análises de dados estatísticos e de mapas no Ensino Fundamental

Fonte: Nova Escola

POR:
Ana Paula Bimbati


Ilustração: Rodrigo Damati/Nova Escola

O novo coronavírus (2019-nCoV), até então desconhecido, chamou atenção do mundo já na primeira semana de 2020 pelo alto número de casos. Além da abordagem de saúde pública que pode render discussões para a comunidade escolar, o tema pode ser tópico para desenvolver habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em Ciências, Língua Portuguesa, Matemática, História e Geografia. “É o tipo de conteúdo que dá para ser abordado em todas as séries. Ele é relevante e pode ser facilmente trabalhado de forma interdisciplinar”, afirma a professora Maria Cristina Muñoz, da EM Coronel Ladislau Leme, em Bragança de Paulista (SP), e membro do Time de Autores de NOVA ESCOLA. 

O grupo viral do coronavírus

Conhecidos desde os anos 1960, o grupo viral do coronavírus inclui doenças como a Sars e a Mers. Relembre e compare as epidemias:
Ao fim do mês de janeiro, o novo viral da família coronavírus já tinha mais de 8 mil casos registrados, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).  A maior parte está localizada na China, mas 18 países já registram infecções pelo novo coronavírus, que é disseminado de pessoa para pessoa e causa infecções respiratórias leves a moderadas que podem levar à morte. Até o final de janeiro, o número de vítimas do novo grupo viral (360 pessoas) já superou a do Sars (sigla em inglês para Síndrome Respiratória Aguda Grave), que entre 2002 e 2003 levou 349 pessoas a óbito.

Sugestões de como trabalhar o tema com a sua turma

Em Geografia, a partir de mapas que indiquem os países contaminados pelo coronavírus é possível construir análises sobre a transmissão de epidemias. Comparações, por exemplo, entre a disseminação de vírus em épocas passadas e hoje, com o desenvolvimento dos transportes e a possibilidade de que o vírus atravesse o mundo em um curto espaço de tempo, são uma opção.  Para quem busca informações atualizadas sobre os países, números de infectados, mortos e sobreviventes pelo coronavírus, a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, criou um mapa dinâmico com esses dados (em inglês). Clique aqui para acessar. Sites como o Infogram e o próprio Excel permitem criar gráficos de mapas.Além disso, a pesquisa de outras epidemias que ganharam o mundo no passado pode ser uma atividade associada ao componente curricular de História, enquanto os mesmos dados rendem análise de dados estatísticos em textos, tabelas e gráficos em Matemática.Em Língua Portuguesa ou Língua Estrangeira, é possível aproveitar para debater o efeito das fake news; explorar a busca de informações e dados, argumentos e outras referências em fontes confiáveis; e a produção de textos que colaborem para a construção de habilidades listadas na Base Nacional Comum Curricular.
Para tratar do tema, a professora Cíntia Diógenes, do Time de Autores de NOVA ESCOLA, sugere pensar em uma aula menos expositiva. “Se o aluno ficar sentado, apenas observando, você perde a oportunidade de enriquecer a aula com a perspectiva dele ”, explica a professora. Por isso, Cíntia propõe que o professor considere dois pontos: quais são as principais dúvidas da turma e quais respostas os alunos não teriam apenas no Google? “A informação está disponível. O que é feito com ela é a grande sacada da Educação”, pontua. As competências gerais da BNCC também devem ser contempladas nessas atividades. O pensamento científico, o autocuidado e a responsabilidade social podem ser abordados dentro da prevenção do coronavírus e outras doenças virais. “O professor tem 40 alunos em uma sala de aula, então é preciso trabalhar com esses estudantes suas atitudes e hábitos”, diz Leandro Holanda, mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) e autor do curso de NOVA ESCOLA “STEM: Estratégias para aplicar nas aulas de Ciências”.As recomendações oferecidas pela OMS são básicas e servem para prevenir a transmissão de infecções respiratórias agudas. Lavar as mãos sempre, cobrir nariz e boca ao tossir, manter os ambientes ventilados e evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença são algumas das medidas. Como as atividades de higiene são mais frequentes na Educação Infantil, o professor desta etapa pode aproveitar esses momentos para conversar com os pequenos sobre seus hábitos e os cuidados a serem tomados.  
Cuidar e ensinar são indissociáveis na Educação Infantil 
A professora Karina Rizek, autora do curso “Rotina das crianças: momentos de higiene”, aponta que ao levar as crianças para lavar as mãos, atividade feita frequentemente durante o dia, é possível contemplar quatro campos de experiência previstos na BNCC: 
- Eu, o outro e o nós; - Corpo, gestos e movimentos;- Escuta, fala, pensamento e imaginação- Espaço, tempo, quantidades, relações e transformações 
“É importante entender que esse momento de higiene e alimentação é um momento de garantia da aprendizagem, para que assim, a gente possa olhar para os objetivos de aprendizagem e os campos de experiências com cunho pedagógico”, afirma Karina. Saiba também como aplicar os objetivos de aprendizagens com os pequenos aqui!


O que a BNCC prevê?

Tanto no Ensino Fundamental 1, como no 2, a Base propõe trabalhar habilidades em temas como saúde pública e transmissão de microrganismos (como os vírus). No 7º ano, por exemplo, é possível expor as questões de saneamento básico e políticas públicas destinadas à saúde.

Ilustração: Rodrigo Damati/Nova Escola

Outra oportunidade é transformar o assunto em uma sequência de aulas maior e falar também sobre a questão da vacina, o movimento antivacina e as consequências disso para doenças que já são erradicadas, isso está previsto na habilidade 10 de Ciências para o 7º ano. “Pesquisadores já disseram que estão produzindo uma vacina contra o coronavírus, então dá para utilizar esse tema também”, afirma Holanda. 
No 4º ano, a professora Cíntia diz que é possível trabalhar o conteúdo alinhado à BNCC, já que a habilidade 8 de Ciências propõe discutir “a partir do conhecimento das formas de transmissão de alguns microrganismos (vírus, bactérias e protozoários), atitudes e medidas adequadas para prevenção de doenças a eles associadas”.Precisando de uma inspiração para tirar essa aula do papel? Confira nossos planos de aula sobre o tema alinhados à BNCC:

Trabalhando vírus com os alunos

O objetivo dessa sequência didática é trabalhar com os alunos as formas de transmissão de alguns microrganismos e as medidas de prevenção. Veja todos os planos de aula que integram a sequência: 

Abordando vacina e os benefícios para saúde

Voltado para alunos do 7º ano, o material trabalha a importância da vacinação para imunização contra os vírus e usa diferentes tipos de análises para levar o tema para sala de aula. Confira abaixo os planos que compõem a sequência didática:

Explicando sobre fake news

Combate o alarde e as fake news

Doenças virais e epidemias sempre causam alarde na população. Esse pode ser um receio do professor na hora de escolher falar sobre esses assuntos na sala. Para envolver outras turmas e a comunidade escolar, a professora Maria Cristina dá algumas dicas como a produção de paródias, vídeos, folders para divulgar pelo bairro. “São atividades que podem ser feitas depois da etapa de sistematização da aula”, explica.  As condições de produção e recepção dos textos pertencentes a diferentes gêneros e mídias também está contemplada na BNCC.A confirmação do novo coronavírus foi também usada para disseminação de notícias falsas (fake news). Essa é uma boa oportunidade para trabalhar análise de reportagens, diferentes gêneros textuais. Veja aqui 5 atividades para falar sobre notícias falsas em sala de aula. Para te ajudar a mergulhar no tema, você também pode conferir nosso guia de Educação Midiática que auxilia o professor a entender como as notícias falsas atuam nas redes e aplicativos e dados sobre o volume das fake news. “O adolescente recebe algumas informações e fica com medo. Por isso, é sempre importante ouvir suas dúvidas, falar sobre fontes confiáveis e deixar o diálogo aberto na sala”, pontua Holanda. Aproveite as ideias e links que compartilhamos ao longo desta reportagem e leve o debate sobre o coronavírus para a sala de uma maneira construtiva.
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