Dentre as diversas funções da família, as quais tem variado através dos séculos, os estudiosos apontam quatro básicas e quatro subsidiárias. As funções básicas, também chamadas de fundamentais, são encontradas em todos os grupos humanos, sendo elas:
1. Sexual: Atende as necessidades sexuais permitidas por meio da
institucionalização da união ou casamento.
2. Reprodução: Visa perpetuar a espécie, mesmo em sociedades onde há
liberdade sexual, a procriação é regulada com normas e sanções que legitimam a
família.
3. Econômica: Assegura o sustento e proteção do grupo, conduzindo a
divisão de tarefas e a estratificação, com status diferenciados entre os
membros.
4. Educacional: O grupo, através da coesão, arca com a responsabilidade
de transferir os conhecimentos acumulados pela humanidade de geração em
geração, criando condições para que exista uma cooperação entre os membros.
O que torna, teoricamente, a vida em
sociedade possível.
Portanto, as funções básicas da família
podem ser desempenhadas de várias maneiras, dentro dos mais diversos sistemas
culturais, moldando as personalidades individuais.
Como agente educador, a família pode
combinar duas funções especificas:
1. Socializadora: Na medida em que transmite a herança cultural e social
durante os primeiros anos de vida (linguagem, usos, costumes, valores e
crenças), a família é peça essencial no processo de endoculturação, preparando
a criança para o ingresso na sociedade.
2. Social: Proporciona a conquista de diferentes status dentro da
estratificação social, tal como o posicionamento étnico, nacional, religiosa,
político, educacional e até de classe.
No entanto, cabe ressaltar que, diferente
das funções básicas, as subsidiarias não existem em algumas sociedades.
Estas funções subsidiarias podem ser
assim divididas:
1. Religiosa: Une seus membros através de uma rede de direitos e
proibições morais, estabelecendo laços afetivos e sentimentais.
2. Jurídica: Impõem obrigações definidas entre os membros, mas
também direitos.
O que garante a reprodução do sistema
econômico e político vigente, assim como a manutenção do status individual.
3. Política: Propicia proteção potencializando apoio emocional para
a resolução de problemas e conflitos, podendo formar uma barreira
defensiva contra agressões externas.
Neste sentido, reforça a saúde física e
mental do indivíduo, constituindo um recurso para lidar com situações
associadas à vida em comunidade.
4. Recreativa: Constitui uma válvula de escape para as tensões fora
do grupo, um elemento de fuga do stress.
Embora esta válvula de escape,
desvinculada da função religiosa e associada a outros fatores, possa conduzir a
violência doméstica.
Casamento e família.
Frequentemente associada ao casamento,
para entender a família integralmente, é necessário discutir a união entre
cônjuges.
Na sociedade, em geral, existem duas
formas de relação, do ponto de vista antropológico, entre seres humanos: união
e casamento.
Tradicionalmente, a união consiste no ajuntamento de indivíduos do sexo oposto sob influência do impulso sexual.
De qualquer forma, a união não estabelece
necessariamente direitos e obrigações e, do ponto de vista antropológico, não
constitui obrigatoriamente uma família.
Para que isto aconteça é necessário o
reconhecimento dos envolvidos e da sociedade.
Entretanto, a união pode conduzir ao
matrimonio ou casamento, quer seja reconhecido ou não religiosamente ou pelo
Estado.
O que caracteriza o casamento é,
justamente, a união orientada para a constituição da família, implicando em
costumes complexos e o estabelecimento de laços afetivos mais estreitos, quer
dentro da monogamia ou da poligamia.
Assim, o casamento ou a união é a base
para a construção da família e seu principal elemento agregador, podendo
comportar múltiplas soluções e/ou problemas que afetam todos os seus membros.
Existe, em quase todas as sociedades, uma
tendência para que certos aspectos do adestramento das crianças sejam assumidos
por agentes externos à família, tal como a escola.
O grande problema é que o saber escolar,
muitas vezes, distancia-se da realidade, impedindo a assimilação democrática do
conhecimento, excluindo e limitando o acesso ao saber.
A escola é uma instituição, como tal
possui normas e padrões, impostos por aqueles que controlam o sistema
educacional, dentro do âmbito do fordismo, acarretando em problemas como a
questão da “violência simbólica”, discutida por Bourdieu e Passeron.
Portanto, embora a sociedade transfira,
cada vez mais, responsabilidades da família para a escola, cabe lembrar que
somente a primeira constitui um grupo primário.
A escola é um grupo secundário e nunca
poderá substituir a família na educação das crianças.
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